EUA acusam Irã de estar ajudando a reprimir manifestações na Síria

12.04.2011/AFP

Foto feita com o celular de um manifestante exibe homens algemados após protestos que pediam reformas no vilarejo de Baida, no noroeste do país

As críticas internacionais à repressão das manifestações na Síria aumentaram nesta quinta-feira (14) com as acusações feitas pelos Estados Unidos de que as forças de segurança sírias estariam recebendo ajuda do Irã. Também nesta quinta-feira, a União Europeia desistiu dos planos para um acordo de associação econômica com o país.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Mark Toner, afirmou que o país tem informações de que o governo iraniano estaria ajudando as forças de segurança do presidente sírio, Bashar al Assad, na repressão às manifestações que pedem reformas no país.
- Acreditamos que há informações críveis de que o Irã está ajudando a Síria na repressão das manifestações. É uma preocupação real para nós. Se a Síria está se voltando para o Irã para pedir ajuda, não pode ser séria em relação a verdadeiras reformas.
Nesta quinta-feira, o governo da Síria anunciou anistia para dezenas de prisioneiros detidos desde o início dos protestos, em 15 de março, e anunciou um novo gabinete para substituir o que renunciou no mês passado.
Mais de cem pessoas morreram durante as manifestações, segundo informações da agência de notícias France Presse.

Governo sírio pede que EUA apresentem "provas"

O ministério sírio das Relações Exteriores negou a acusação americana e o Irã não se pronunciou até o momento. Um funcionário do governo em Damasco, capital do país árabe, disse que “as declarações não têm fundamento” e pediu que os EUA mostrassem provas.
Nesta quinta-feira, o jornal americano The Wall Street Journal noticiou que o Irã teria começado a entregar equipamentos para acabar com os protestos e monitorar grupos de oposição ao governo de Assad na Síria, citando fontes americanas.
“Acreditamos que o Irã está ajudando o governo da Síria em seus esforços para reprimir seu próprio povo”, disseram ao jornal funcionários americanos, acrescentando que Teerã estava compartilhando as “lições aprendidas” na repressão pós-eleitoral de 2009, quando manifestantes pediram a saída do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
Autoridades iranianas também estariam dando assistência técnica para monitorar a comunicação on-line de grupos de oposição que organizam protestos, segundo declarações de funcionários americanos de Defesa.

União Europeia desiste de acordos econômicos com a Síria

Enquanto Washington aumentou a pressão sobre o regime de Damasco, a União Europeia anunciou que estava suspendendo por enquanto quaisquer planos para um acordo de associação econômica com a Síria.
A porta-voz da Comissão Europeia, Natasha Butler, afirmou que a situação na Síria é “um motivo de extrema preocupação” para o bloco.
- Neste momento, a prioridade mais urgente é que as forças de segurança sírias parem de empregar a força contra manifestantes pacíficos e que a Síria se comprometa seriamente com as reformas. Obviamente, nas atuais circunstâncias, a assinatura do acordo não está sobre a mesa.