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Alexsandro revela nova versão e diz que não matou Jennifer Kloker


Com o julgamento, que definirá o seu futuro adiado para o dia 27 de julho, o vigilante desempregado Alexsandro Neves dos Santos, de 36 anos, decidiu revelar a versão que contaria na última terça-feira, quando iria a júri no Fórum de São Lourenço da Mata. Em entrevista também exclusiva concedida às repórteres Bárbara Franco e Priscilla Aguiar, da Folha de Pernambuco, Alexsandro confirmou que conduziu o Gol prata em que Jennifer estava com os familiares até a rua em que ele foi encontrado por trás da delegacia municipal. Ele nega, porém, que tivesse conhecimento sobre a execução da turista alemã. Alexsandro contou que fez um acordo com Dinarte Dantas, irmão de Delma por parte de pai, para dar um golpe na seguradora do carro. A notícia sobre o homicídio, segundo ele, veio por meio dos telejornais.
Você disse que não matou Jennifer. Então, como você terminou acusado de assassinato?
Eu conheci Dinarte (irmão de Delma por parte de pai) quando ele dirigia algumas vans. De novembro pra dezembro eu saí da empresa de segurança em que eu trabalhava e encontrei com ele por acaso. Depois ele esteve na minha casa e perguntou se eu estava interessado em dirigir para a irmã dele, que estava chegando da Europa.  Dinarte deixou claro pra mim que ela queria fazer uma viagem até Fortaleza. Próximo ao Carnaval, ele disse “Sandro, eu queria saber o que você poderia fazer ou se você conhecia alguém que pudesse dar um golpe do seguro”. Eu disse que a gente pega o carro, coloca na BR, toca fogo e deixa lá. É o que mais acontece naquela BR ali.
Mas como vocês dariam o golpe na seguradora se o carro era locado?
Dinarte me disse que Delma havia comprado um carro para que eles usassem enquanto tivessem aqui.
Quando ele te fez essa proposta?
Nesse meio tempo, alguns dias antes do Carnaval. Foi exatamente quando ele me procurou e disse que estava tudo certo. Foi quando ele acertou com a irmã de desmanchar o carro.
Você não percebeu que estava se envolvendo em um assassinato?
Quando eu cheguei, em momento algum, vou deixar bem claro pra vocês, em momento algum eu vi ela com arma ou ele com arma. Ficou acertado de nos encontrarmos no TIP. Sendo que, por causa dos horários, eles foram para o TIP depois voltaram e eu encontrei com eles na frente da Progresso. A minha maior surpresa foi que estava todo mundo dentro do carro. A falecida, o marido, o sogro, Delma e a criança. Quando eu vi isso achei muito estranho, mas tudo bem, era a escolha deles. No carro, Pablo me passou a direção, foi para o banco do carona e Jennifer foi pra trás. Quando foi na entrada do TIP, depois um pouquinho da entrada do TIP, próximo a um condomínio de luxo, eles resolveram descer. “tá bom aqui, você leva o carro”. Dali eles iriam voltar e dizer que o carro foi roubado.
Onde fica esse local em que você deixou eles? No mesmo ponto em que o corpo de Jennifer foi encontrado?
Acho que fica próximo ao local do crime uns 500 metros, não sei bem. Em momento algum eu apertei a mão de Pablo, Ferdinando, Delma e muito menos da falecida, como foi dito na reconstituição. Também foi dito que eu disparei na moça e apertei a mão das pessoas lá, mas em momento nenhum houve isso.
Por que eles decidiram ficar em um local tão esquisito, praticamente sem iluminação?
Eu sei que eu fui instruído pelo próprio Dinarte para deixar eles em um lugar ermo para que ninguém visse que eles estavam descendo de livre e espontânea vontade, para que eu pudesse seguir com o carro. Daí eu fui embora com o carro. Sendo que ele chegou pra mim e disse ‘Sandro, quando você pegar o carro coloca em um local seguro para que a gente possa depois pegar, que eu já tenho compradores pra peças do carro, pneu e ar-condicionado que é para a gente poder levar ele. Eu não consegui pensar em lugar mais seguro do que na rua por trás da delegacia.
Como você soube que Jennifer tinha sido assassinada?
No outro dia de manhã, ao ligar a televisão, eu vi a bomba daquele jeito em tudo quanto é canal, tudo quanto é emissora. Quando eu vejo a foto da moça eu já fiquei daquele jeito, a minha esposa me olhando, perguntando o que foi e eu dizendo que não tinha problema nenhum.
Você foi tomar satisfações com Dinarte quando soube da morte da alemã?
Não procurei, mas eu moro em uma ladeira e quando subi dei de cara com Dinarte sentado em uma moto. Cheguei pra ele e perguntei ‘o que é que aconteceu?’. Ele chegou pra mim e disse ‘olhe, a partir de hoje você não liga pra ninguém em hipótese alguma do seu telefone. Arrume outro telefone, outra coisa, mas não ligue pra ninguém porque pelo seu telefone podem rastrear o meu.
Por que você não contou essa versão antes?
Quando eu falei no DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) isso aí ninguém acreditou. Sofri muita coisa física, muita pancada, apanhei muito. Quando permitiram que a minha esposa levasse almoço pra mim eu já estava há uma semana lá dentro.
O que Dinarte fez para te causar tanto medo?
Não é medo dele. É receio muito grande do que ele poderia fazer com a minha família. A primeira coisa que ele falou foi que se eu falasse alguma coisa o primeiro a sofrer as consequências seria o meu filho, que tem 5 anos. Ele sabia a hora que ele estudava, onde ele estudava, a hora que a minha filha pegava no colégio, a hora que ela voltava, a hora que a minha mãe ia pra igreja e voltava. Então eu não poderia fazer nada, não poderia abrir a boca em momento algum.
A polícia disse a você quem te apontou como executor?
Dinarte. Ele que me apontou, ele que os levou na minha casa e ele que fez acordo para que ele ficasse em liberdade e eu com os outros presos.
Ainda sobre o primeiro acordo, que seria abandonar o carro em um local seguro, ele (Dinarte) teria combinado algum valor com você?
Não. Ele só disse que tinha uma pessoa que depois iria acertar.
Ele não disse nenhuma quantia de quanto seria esse acerto?
Não. Em momento algum ele falou em valores.
E quando é que surgiu essa história de que seria R$ 2,5 mil para depois mais R$ 2,5 mil?
Foi Dinarte quem disse na delegacia.
Durante a reconstituição vocês apontavam, respondiam aos pe­ri­tos...
Naquele momento, eu ficava dentro da viatura com um agente. Ali era quando ele passava as instruções para mim do que iria acontecer e como eu iria falar.
Mas, toda a imprensa estava lá. Por que você não contou o que estava acontecendo?
Se eu falasse alguma coisa, eu iria desmascarar essa confusão toda que fizeram lá na delegacia. E a primeira coisa que falaram é que não iam perder a oportunidade de desvendar esse caso. Eu não iria falar.
Isso tudo que você está falando é o que você planejava falar no julgamento?
Iria dizer lá.
E o que você sentiu naquele momento em que vocês estavam todos juntos, sentados próximos, lado a lado?
Naquele primeiro momento eu achei estranho o que o advogado de dona Delma estava falando. Porque, no meu ponto de vista eu não a vejo como nenhuma psicopata ou louca. Mas eu não sou nenhum médico. Fiquei decepcionado porque a minha defesa se basearia no depoimento dela porque ela não tem porque estar com essa farsa de me acusar por uma coisa que eu não fiz.
Após o cancelamento (do julgamento), a reportagem conversou com Delma Freire e ela contou uma versão que, realmente, não casa com a versão da Polícia. Mas, ela falou que em momento algum houve motorista e disse que foi tudo combinado com Dinarte. Dois ho­mens em uma moto teriam feito a abordagem e matado a alemã. Você acha que essa versão dela casa com a sua?
Com certeza.
Você acredita que ela combinou com Dinarte e depois que você foi embora chegaram dois ho­mens e executaram a vítima?
Bom, se chegaram dois homens, cinco, eu não sei porque eu não estava lá.
Naquele dia, depois que você deixou o carro atrás da De­legacia de São Lourenço, como você voltou para a casa?
Peguei um ônibus, desci na estação de Camaragibe e, como vigilante, conhecia os outros colegas e, apesar da estação estar fechada, pedi para ir no trem dos funcionários e eles deixaram que eu entrasse. Como a gente sempre faz, um ajuda o outro.
Pablo e Ferdinando Tonelli também estão no Aníbal Bruno. Vocês se veem ou se falam?
Moramos no mesmo pavilhão (J). Algumas vezes nós sentamos para conversar, mas nem eu entro em detalhes nem eles.
Você nunca perguntou para eles o que é que aconteceu naquele dia?
Não, porque eu acho que é uma coisa que se eles sabem cabem a eles falarem.
Mas, se eles contassem acarretaria na sua liberdade.
Com certeza. E eu vou deixar bem claro que eu só vim para essa entrevista porque Delma Freire já abriu a boca envolvendo Dinarte nisso. Entendeu? Então não tem porque eu agora estar escondendo o nome dele. Ele que me prejudicou tanto, ele que me jogou nesse negócio agora não tem porque esconder o nome dele. Porque, antes, se eu falasse o nome dele, eu estaria especulando o nome de algum outro suspeito.
Como está diante disso a sua expectativa para o júri do dia 27 de julho?
Eu espero que até lá seja posta toda a verdade. Até agora existe muita coisa falha. É muito fácil dizerem que eu tenho um arsenal em casa quando nunca encontraram nada comigo.
Você nunca matou ninguém?
Não, (...) nunca.