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TRI-TRI-TRICOLOR! TRI-TRI-TRI-TRICOLOR!!!



Quem acompanhou os bastidores do Santa Cruz no final do ano passado não imaginava que a torcida coral teria tantos motivos para sorrir nesta temporada. O clube passou por uma eleição presidencial tumultuada. O ex-presidente e atual ministro Integração Nacional do Governo Dilma Rousseff, Fernando Bezerra Coelho, demorou mais do que se esperava para apontar um candidato. Nesse período, muitos postulantes ao cargo surgiram. Entre eles, o vereador Antônio Luís Neto. E foi ele o escolhido por FBC. O ex-diretor das divisões de base do clube Sérgio Murilo não desistiu e disputou uma eleição acirrada. Antônio Luís Neto venceu e passou a ver mais de perto a difícil realidade financeira do clube. Mas isso não abateu os tricolores. Foi iniciado o processo de formação do elenco, e o primeiro passo foi a contratação do experiente técnico Zé Teodoro, que trazia na bagagem o título de campeão cearense pelo Fortaleza no ano passado. Teodoro também tinha história no futebol pernambucano - já havia conquistado o título estadual pelo Náutico, em 2004, enfrentando, justamente, o Tricolor na grande final. Vestindo as cores do Santa Cruz, o treinador obteve o mesmo sucesso, levantando agora o título estadual, algo que não acontecia no Arruda desde 2005.
Mas Zé Teodoro também não teve vida fácil - sabia que o dinheiro do clube para a montagem do elenco era curto, curtíssimo. Desde o ano passado, a diretoria do Santa Cruz já planejava trabalhar com uma folha salarial do futebol girando em torno dos R$ 300 mil. Com esse orçamento, seria complicadíssimo trazer medalhões, algo que muitos torcedores exigiam. Ainda havia um outro fator para dificultar a situação: quem viria receber um baixo salário num clube que vai disputar a Série D do Campeonato Brasileiro? Teodoro e a diretoria caíram em campo. Foram em busca de jogadores dispostos a honrar as cores do Santa Cruz. "As nossas contratações foram bastante criteriosas. Analisamos o perfil do atleta, se ele é de grupo realmente, verificamos o histórico recente no extra-campo e, principalmente, se estavam comprometidos com o nosso projeto. Em alguns casos, quando a gente conversava com o jogador, não sentíamos motivação, confiança. Descartamos. Seguimos assim até chegar ao grupo que temos hoje", revela o diretor de Futebol, Constantino Júnior.
As contratações foram chegando aos poucos. Exceto o zagueiro Thiago Matias e o atacante Thiago Cunha, que já vestiram as cores do Santa Cruz; o volante Jeovânio, que já havia atuado recentemente no Grêmio e Figueirense; o atacante Landu (ex-Paysandu); e, mais tarde, quando o Pernambucano já havia começado, atacante Rodrigo Gral (ex-Grêmio, Sport e Bahia), as demais contratações foram chegando sob o olhar cético dos torcedores. Afinal, só havia "caras" desconhecidas, como o goleiro Tiago Cardoso, os meias Wesley e Mário Lúcio, os laterais Jackson e Bruno Leite. Mas também estava nos planos dos dirigentes a aposta nas revelações da casa. Zé Teodoro pôs as fichas em jovens atletas que até pouco tempo eram bastante criticados pela torcida e também pela imprensa. O meia Renatinho, que se firmou como titular da lateral-esquerda; os meias Natan e Memo; o volante Everton Sena e, principalmente, o atacante Gilberto, artilheiro do time e autor do gol mais bonito do Estadual, marcado contra o Sport, na primeira partida da final do campeonato. O Santa Cruz ganhou confiança durante a competição e chegou forte na grande final. Levantou o título de forma justíssima.
O COMEÇO
Os trabalhos visando à temporada começaram longe do Recife. O Santa Cruz fez uma série emporada de treinamentos intensivos na cidade de Chã Grande, no Agrest, a 83 km do Recife. Nesse período, o técnico Zé Teodoro passou a conhecer melhor os atletas. O treinador pediu, então, um amistoso contra um combinado local. A torcida estava ansiosa por ver o time jogar e foi uma decepção. O Santa Cruz ficou apenas num empate, em 1x1. Dias depois, já no Arruda, o Santa Cruz goleou o CSA, por 4x1, em outro amistoso. O placar não iludiu o torcedor, que ainda estava engasgado com a má atuação da equipe no interior. Pelo que foi apresentado, ninguém apostaria uma moeda que o Santa seria forte neste Estadual. Mas a força das três cores mostrou o inverso. E o Tricolor, hoje, comemora o título.
Mas não foi fácil. O Santa Cruz começou o Campeonato Pernambucano batendo o Vitória por 3x0, em pleno estádio Carneirão. A equipe conseguiu manter uma série invicta de seis jogos. Foram vitórias sobre o Ypiranga (2x1), América (3x1), Araripina (1x0), Salgueiro (1x0), Petrolina (2x1). Os triunfos apagaram a má impressão inicial, mas faltava um grande teste: uma vitória num clássico. E, na primeira oportunidade, o Santa Cruz decepcionou. Num jogo polêmico, em que os tricolores reclamaram de um pênalti sobre o zagueiro Thiago Matias, o time coral saiu dos Aflitos, no dia 30 de janeiro, amargando uma derrota por 3x1, diante do Náutico. A dúvida quanto à qualidade do time estava de volta.
Como se não bastasse o revés diante do Náutico, o Santa Cruz subiu a Serra das Russas, no dia 3 de fevereiro, para encarar o Porto, no Lacerdão, e se deu mal. Mais uma derrota por 3x1. Estavam expostas todas as deficiências do time que ainda se encontrava em formação. A sequência de maus resultados fez o torcedor esquecer o início promissor. Mesmo assim, na rodada seguinte, o torcedor coral estava em bom número no Arruda para incentivar o time a conquistar uma vitória sobre o Sport. Com gols de Thiago Cunha e Renatinho, o Santa bateu o rival por 2x0. A torcida mal sabia que bater no Leão seria uma rotina nesta temporada.
Estava restabelecida a confiança no time? Não, ainda não. No dia 9 de fevereiro, o Santa Cruz esteve irreconhecível diante do Central. Mesmo jogando no Arruda, diante da sua apaixonada torcida, o time coral não conseguiu mostrar um futebol aguerrido. Resultado: a Patativa passeou em campo e venceu a partida por 3x0. Na rodada seguinte, mais decepção. A equipe teve que suar muito a camisa para empatar com a Cabense, em 2x2, no estádio Gileno di Carli, na última rodada dos jogos de ida da primeira fase do Campeonato Pernambucano.
O Santa Cruz fechou a série dos jogos de ida bem diferente do que começou. Nas partidas iniciais, o Tricolor mostrou força e determinação, vencendo bem os seus seis primeiros jogos. Depois, desandou. Apresentou erros na marcação, imaturidade em alguns momentos e, assim, patinou na reta final. Mas ainda faltavam os jogos de volta, mas Zé Teodoro sempre confiou no elenco que montou. E, no returno, os tricolores comemoraram duas boas vitórias consecutivas: jogando em casa, bateu a Cabense, por 3x1, e, em Caruaru, ganhou do “calo” Central, por 1x0.
O mês de fevereiro marcava também o início da Copa do Brasil. O Santa Cruz teria pela frente, em sua estreia na competição, o Corinthians-RN, longe de casa. Após a vitória sobre a Patativa, o Tricolor viajou para encarar o time potiguar. O Santa Cruz venceu por 4x1, eliminando o jogo de volta. O Santa Cruz voltou sabendo que, na próxima fase da competição, teria o São Paulo pela frente. Um duelo que foi muito aguardado pelo torcedor. Mas, antes disso, o time coral teria muitas partidas pelo Estadual.
Após a classificação antecipada à próxima fase da Copa do Brasil, o time viajou para o Sertão, onde perdeu para o Araripina, por 1x0, e bateu o Petrolina, por 3x0. Na volta ao Arruda, bateu outro time sertanejo, o Salgueiro, por 2x0. No dia 24 de março, mais um encontro com o Náutico. Jogando em casa, a confiança era grande. O time mostrou garra, mas também apresentou falhas na defesa, e o empate em 3x3 acabou sendo justo. Em seguida, o Santa bateu o América, por 2x1, jogando em Paulista, e o Porto, por 2x0, no Arruda. O Tricolor daria um tempo no Estadual para encarar o poderoso São Paulo, pela Copa do Brasil.
Os jogos contra o São Paulo, mesmo válidos pela competição nacional, foram importantes para o Santa mostrar a sua verdadeira força. Nos dias que antecederam aos duelos diante do time de Rogério Ceni, muitos falavam que o Santa Cruz seria um saco de pancadas. Mas não foi isso que se viu. O time respeitou o São Paulo: marcou forte o adversário, não dando espaços para as principais peças como Dagoberto, Carlinhos Paraíba, muito menos Rivaldo, cria da casa. No primeiro jogo, vitória por 1x0, gol de Rodrigo Souto (contra). Na partida de volta, em São Paulo, jogo duro. Derrota por 2x0, e o time voltava para Recife eliminado, mas com a moral alta.
O Santa Cruze não passou pelo São Paulo, porém mostrou a força que muita gente não acreditava que tinha. Essa força ficou ainda mais evidente quando, no intervalo entre um jogo e o outro diante do Tricolor paulista, o Santa Cruz encarou o Sport, na Ilha do Retiro. A equipe atuou com todos os seus jogadores considerados titulares. E não teve essa de desgaste com os jogos. Os comandados do técnico Zé Teodoro mostraram um disciplina tática impressionante e bateram o Sport mais uma vez, por 2x0, com dois gols do jovem atacante Gilberto. Um triunfo que deu ao torcedor a certeza de que o Santa Cruz poderia ir longe nesta competição. O Tricolor deixou de ser uma dúvida para se transformar numa equipe forte e viva na briga pelo título. A derrota para o Araripina, por 1x0, dentro de casa, no dia 26 de fevereiro, já havia sido esquecida naquele momento. Assim como o revés para o Vitória, de virada, por 2x1, também no Arruda, na rodada seguinte após o clássico, foi incapaz de deixar o torcedor coral infeliz. Afinal, o Santa Cruz conseguiu sua classificação à fase dos mata-matas com todos os méritos.
REDENÇÃO
O Santa Cruz chegou à fase semifinal do Campeonato Pernambucano merecidamente. O time nunca saiu do G4. Foi uma equipe coesa, determinada e que sempre soube o que fazer em campo. Terminou a primeira fase em segundo lugar. Poderia ter sido primeiro colocado se não fosse uma jogada estratégica do técnico Zé Teodoro. Quando a equipe já tinha sua vaga assegurada e soube que o rival Sport terminaria em quarto, declarou: “Queremos enfrentar o Sport na semifinal, pois, caso a gente passe, chegaríamos mais forte na final”. O Santa Cruz enfrentou o Ypiranga na última partida da primeira fase. Não forçou muito e o time ficou no 0x0. Enquanto isso, o Náutico bateu o Sport, por 1x0, terminando em primeiro. Era o que, na verdade, Teodoro queria.
Como se não bastasse, o treinador coral deixou praticamente toda a equipe “limpa” de cartões amarelos. Após garantir a vaga, Zé Teodoro orientou seus jogadores a forçarem os cartões. E, assim, os atletas foram cumprindo suspensão nas últimas rodadas na primeira fase. Para o duelo contra o Porto, o Santa Cruz tinha praticamente todos os jogadores à disposição. E a cobrinha coral passeou sobre o Gavião. Na primeira partida, em Caruaru, a equipe só precisou de poucos minutos para construir o placar. Fez 2x0 e administrou a partida. No final, triunfo por 2x1. Na segunda partida, no Arruda, a mesma situação. No minutos iniciais do confronto, o Santa já estava vencendo por 3x0. O Porto diminuiu para 3x1 e teve a oportunidade de diminuir o placar numa cobrança de pênalti de Paulista, mas a “muralha” Tiago Cardoso defendeu.
E eis que o Santa Cruz chegou na final. E com moral. Se no início do campeonato era uma incógnita, o Tricolor foi para decisão em igualdade de condições com o rival Sport. Afastado da “briga” pelo hexacampeonato entre o time rubro-negro e o Náutico, o Santa, “caladinho”, mostrou sua força. De desconhecidos, os atletas ganharam destaque na competição, casos do goleiro Tiago Cardoso, do volante Jeovânio e do meia Weslley. Diante do Sport, o Santa Cruz jogou sem se perturbar. Respeitou o adversário, mas nunca o temeu. Na primeira partida, uma inquestionável vitória por 2x0, com direito a golaço de Gilberto e bela jogada de Renatinho, que resultou no gol de Landu, que fechou o placar. Na segunda partida, no Arruda, o Santa Cruz administrou a vantagem - perdeu por 1x0, mas garantiu o título.. E fez a festa com a sua torcida. TRI-TRI-TRICOLOR! TRI-TRI-TRI-TRICOLOR!!! A força do Terror do Nordeste ressurgiu. E o Santa Cruz conquista o título de campeão de forma merecida. Parabéns, tricolores!